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Contentor com cobre roubado da EDM já possui aval das Alfândegas para ser exportado

O contentor da OktaMetal, empresa de compra de metais, que segundo o jornal online “4Vês Repórter” esteve retido no Porto de Maputo desde a semana passada com 7 toneladas de alumínio e 4 de cobre, estas últimas provenientes dos cabos roubados da Electricidade de Moçambique (EDM) por ter apresentado anomalias durante o seu scan, já possui aprovação das Alfândegas para ser exportado. A informação foi avançada hoje ao Mídia Lab pelo porta-voz das Alfândegas, Fernando Tinga.

Segundo a edição de 17 de Agosto corrente daquele jornal, a empresa OktaMetal deveria de acordo com o seu alvará dedicar-se apenas à compra de catalisadores (miolo) e placas, mas também dedica-se ilegalmente à compra de elevadas quantidades de cobre provenientes dos cabos roubados da EDM na onda das vandalizações que tem sido vítima. A mesma edição explica que um contentor daquela empresa com 7 toneladas de alumínio e 4 de cobre, estas últimas que aponta provirem dos cabos roubados da EDM foi retido no Porto de Maputo pelo facto de ter apresentado anomalias durante o seu scan e a partir daí as Alfândegas iniciaram um trabalho de fiscalização.

Todavia, segundo informação advinda hoje do porta-voz das Alfândegas, Fernando Tinga, o mesmo já possui o seu aval para ser exportado.

“Se já foi exportado não sei, mas o mesmo já não está nas nossas mãos isto porque na nossa fiscalização não detectamos nada suspeito, daí demos a nossa aprovação”, explicou Tinga ao Mídia Lab.

O jornal online “4Vês Repórter” na edição supracitada acusa a empresa OktaMetal de outras irregularidades ligadas ao cobre proveniente dos cabos roubados da EDM.

Uso e apreensão de cobre proveniente das infra-estruturas da EDM

SegundoJeremias Penicela, representante do Departamento de Prevenção e Combate a Vandalização de Infra-estruturas da EDM, os postos de transformação de energia (PTs) são os principais-alvo das vandalizações de que a EDM vem sendo vítima e dessas vandalizações os cabos mais subtraídos são os condutores de cobre e em segundo lugar de alumínio.

Penicela explica que “é que o cobre é um material muito caro e após o seu roubo é usado para a produção de ligas metálicas, fios eléctricos, telefones, iluminação e cabos de telecomunicação. Noutra vertente, o alumínio subtraído na rede é usado na fabricação de utensílios domésticos, vendidos no mercado interno e externo”.

O Porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Maputo, Leonel Muchina, disse ao Mídia Lab sem referir quantidades que “o cobre roubado dos cabos da EDM depois é vendido no mercado negro, “já fizemos apreensão várias vezes, só não posso precisar quantidades neste momento, por isso, temos estado a reforçar as nossas estratégias de fiscalização”.

EDM perdeu mais de 32 bilhões de meticais com furto de energia e vandalização de infra-estruturas

A Electricidade de Moçambique (EDM) perdeu mais de 32 bilhões de meticais com o furto de energia e vandalização de suas infra-estruturas, em todo o país, no período entre 2018 e primeiro semestre de 2022.

No período em referência foram registados em todo o país 124 159 fraudes por furto de energia que lesaram aquela empresa pública em cerca de 32 bilhões de meticais e 715 casos de vandalização de infra-estruturas que lesaram a empresa em 476 419 841 meticais, somando um valor de mais de 32 bilhões 476 milhões 419 mil e 841 meticais.

Segundo o Departamento de Prevenção e Combate a Vandalização de Infra-estruturas da EDM, no intervalo em causa, o furto de energia foi registado um pouco por todo o país e na categoria das vandalizações, as províncias que registaram mais casos são Maputo província, cidade de Maputo, Nampula, Manica, Zambézia e Sofala.

“Por isso é que continuamos a apelar a sociedade no geral para contribuir na vigilância pelas infra-estruturas e uso da energia do país porque a EDM é um bem público, todos somos responsáveis. Essas perdas resultam em prejuízos financeiros e sociais, dificultando a expansão da rede eléctrica para mais comunidades”, disse Jeremias Penicela, representante do Departamento de Prevenção e Combate a Vandalização de Infra-estruturas da EDM.

Segmentando o número de casos de furto por ano, em 2018 foram registadas 21 754 fraudes, em 2019 – 27 653 fraudes, em 2020 – 21 756, em 2021 – 34 275 e no primeiro semestre de 2022 – 18 721 casos. Na categoria da vandalização, em 2018 foram registados 80 casos, em 2019 – 100 casos, em 2020 – 67 casos, em 2021 – 214 casos e no primeiro semestre de 2022 – 254 casos.

Perfil dos envolvidos nos casos de vandalização de infra-estruturas eléctricas

De acordo com Jeremias Penicela trata-se de pessoas que entendem da matéria da electricidade que costumam envolver-se nos casos de vandalização de infra-estruturas da EDM.

“Mas não fecho espaço para pessoas curiosas poderem envolver-se nesses casos também, mas com pouca incidência”, acrescentou.

Segundo o porta-voz da PRM na cidade de Maputo, Leonel Muchina, dos casos registados na cidade de Maputo há envolvimento de ex-funcionários da EDM.

Refira-se que recentemente mais de um funcionário foi demitido da EDM por suposto envolvimento em casos de furto de energia.

Medidas implementadas pela EDM

Segundo Jeremias Penicela, face aos dilemas de vandalização de infra-estruturas eléctricas, furto de energia e suas perdas, a EDM introduziu campanhas de sensibilização comunitária como uma das estratégias para combatê-los. Há um mês esta campanha abrangeu a província de Maputo “porque foi onde tivemos mais casos de vandalização, só no primeiro semestre, em média, por semana, registávamos mais de 5 casos”, explicou.

Para além dessa medida, Penicela acrescentou que foram estreitadas as suas relações com os seus parceiros “por forma a consolidar os mecanismos de resposta”, parafraseou. “Está também em curso a criação de um Fórum Nacional de Prevenção e Combate a vandalização de infra-estruturas públicas entre a EDM e outras instituições que são vítimas do mesmo mal, porque achamos que sozinhos não será fácil combater esses males todos. Juntos e todos unidos somos capazes”, rematou.

Créditos: Temóteo Cumbe

Ernesto Timbe

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