Relatório divulgado pela Ipas revela-se uma utopia

Um estudo realizado pela Ipas em 2021 refere que as mulheres dos distritos de Derre, Mocubela e Maganja da Costa, na província da Zambézia, são afectadas pelas mudanças climáticas que interferem directamente na limitação do uso de contraceptivos deixando-as vulneráveis a gravidez precoce e diminuem as oportunidades económicas, agravando assim as desigualdades de gênero existentes e a violência sexual baseado em gênero (SGBV).

No entanto, para ambientalista e docente universitária, Regina Charumar o estudo revela uma utopia pois não representa a metade da província da Zambézia. 

“É preciso abrir o ângulo de abrangência e ir a mais distritos e províncias, o estudo traz esses dados de forma não madura”, disse Charumar.

Por sua vez, Arlete Maquessa, Activista social da saúde sexual e reprodutiva, concorda que a amostra de mulheres afetadas pelas mudanças climáticas não é representativa, pois trata-se de “uma amostra muito pequena para uma província como Zambézia”, 

O relatório não revela ao certo o número de mulheres abrangidas pela pesquisa, contudo, o Diretor Nacional do Ipas, Jorge Matine disse que o objetivo do estudo é trazer evidências do impacto das mudanças climáticas para a saúde sexual reprodutiva da mulher para permitir o melhor desenho dos programas de apoio.

“as mulheres são as que mais usam o serviço de saúde em relação aos homens e que estas reclamam a falta de atenção aquando dos eventos climáticos”, destacou.

Importa referir que o estudo qualitativo realizado em 2019 foi partilhado na última terça-feira (31) durante uma sessão sobre o impacto das alterações climáticas na saúde sexual e reprodutiva das mulheres nas comunidades da Zambézia.

Sheila Cassamo/AF